Investir cada vez mais nas relações humanas, na força do coletivo e na crença de que todos são capazes. Mesmo quando o debate é focado em inovação e tecnologia na sala de aula, o caráter humano não deixa de ser fundamental na Educação. E o responsável por canalisar isso continua sendo o professor.
Essa foi a grande mensagem da quarta edição do Transformar, um dos principais eventos de inovação em Educação do país, realizado na última terça-feira (4.04), em São Paulo. Organizado por Inspirare, Porvir, Instituto Península e Fundação Lemann, mantenedora da Associação Nova Escola, a conferência reuniu especialistas e educadores do Brasil e do mundo para apresentar suas experiências na área.
Logo na abertura, cinco alunos brasileiros fizeram uma roda de conversa em que falaram sobre como imaginam que a escola deva ser. Em todas as falas, reivindicaram mais espaço para o diálogo e o desenvolvimento da cidadania, que vai além do preparo para a vida profissional. “Desde pequeno dizem que você tem que ir para a escola para ser 'alguém na vida'. As pessoas têm que ter sonhos e objetivos, mas não é só isso. Eu não sou um robô, eu sou um ser humano”, disse Arthur Rezende, 16 anos, aluno da EE Irmã Laura de Martins Carvalho, em Canaã dos Carajás (PA).
Questionados pela plateia sobre a reforma do Ensino Médio, os adolescentes criticaram a proposta. Ana Clara Cabral Nunes, 14 anos, aluna do Colégio Estadual do Paraná que participou das ocupações de escolas públicas no estado ano passado, reclamou da postura do governo: "Houve discussões, o movimento estudantil se rebelou, e mesmo assim não foi ouvido”.
O papel do professor
As experiências apresentadas confirmam outra tendência em novos modelos educacionais: uma relação cada vez mais horizontal entre alunos e professores. “Os dispositivos de tecnologia não servem para substituir o trabalho do professor, e sim como um apoio”, afirmou o holandês Maurice de Hond, dono da Steve Jobs School, ao participar da mesa sobre as transformações que a revolução digital provoca no ensino.
Para Nico Janik, coordenadora de engenharia do Distrito Escolar de Ravenswood City Makerspaces East Palo Alto (EUA) e entusiasta da aprendizagem mão na massa, o docente precisa estimular a busca pelo conhecimento. “O movimento maker procura estimular nossos alunos a serem não só consumidores, mas criadores de inovação."
É por isso que apenas tornar a aula mais divertida não basta. Ao mencionar as razões que justificam a aplicação de games ao ensino, o uruguaio Gonzalo Frasca, designer da produtora de jogos de álgebra e geometria WeWantToKnow, lembrou que o objetivo de uma aula não é simplesmente entreter o aluno. “Professores não são palhaços. O oposto de ficar entediado não é se divertir, é enfrentar desafios.”
No encerramento, Nick Kim, diretor-executivo há quatro anos da unidade de Ensino Médio Summit Tahoma, em San Jose, na Califórnia Summit High School (EUA), enfatizou o que considera a regra de ouro do docente. "Para o sucesso do aprendizado, todos os professores precisam acreditar que os alunos são capazes. Se você não conhece o seu aluno, você não conhecerá seus limites e não saberá até onde ele pode chegar."
Fonte: Portal Nova Escola