Nesta terça (3), foi realizada em Brasília a solenidade de posse da ativista dos direitos das mulheres, Maria Aparecida Gonçalves, como titular do Ministério da Mulher. O termo de posse no cargo já havia sido assinado no último domingo (1º) em cerimônia com o presidente Lula, no Palácio do Planalto.
Pela primeira vez o Brasil terá uma área no governo dedicada às mulheres com a nomenclatura de ministério. Há 20 anos, no primeiro governo Lula, a pasta foi criada como Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres (SNPM).
Cida Gonçalves, como é mais conhecida, é especialista em gênero e violência contra a mulher e integrou a equipe de transição responsável pela elaboração de políticas públicas para a área.
Durante a solenidade, a ministra garantiu que a pasta será de todas as mulheres, independentemente se elas votaram ou não no governo atual. Além disso, ela mencionou os altos índices de feminicídio registrados nos últimos anos e, para mudar esse quadro, prometeu retomar o programa “Mulher: Viver Sem Violência”, criado no fim do primeiro governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), e trazer de volta a administração das chamadas Casas da Mulher Brasileira.
Na avaliação da secretária de relações de gênero da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Berenice D’arc, a indicação de Cida para o Ministério é importante para a retomada das políticas públicas para as mulheres, uma vez que desde o golpe de 2016 há um abandono da área pelos governos e um processo de aumento da pobreza e de violência contra elas.
“Esse período foi um dos mais difíceis para mulheres pobres e negras e não tivemos quase nenhuma cobertura do poder público em relação a ações como por exemplo delegacias de mulheres e assistência social. No governo Lula estaremos em outro patamar de diálogo de políticas públicas que possam contribuir para o fim da pobreza, da miserabilidade, da violência e da fome”, avalia a dirigente da CNTE.
Para Berenice D’arc, é importante relembrar a fala do presidente Lula quando ele diz que as mulheres não podem ganhar menos que os homens quando estiverem em cargos iguais. “Isso demonstra a importância que o governo vai dar para as mulheres, a maioria da população brasileira. Então esse momento é muito feliz”, analisa Berê D’arc.
Perfil da ministra
Cida Gonçalves nasceu em Clementina (SP), mas mora em Campo Grande (MS) desde o fim dos anos 1980, com forte atuação no estado marcada pela militância pelos direitos das mulheres. Em sua trajetória, coordenou o processo de articulação e fundação da Central dos Movimentos Populares no Brasil.
A ministra foi secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres durante os governos de Lula e Dilma Rousseff. Também já ocupou os cargos de assessora técnica e política da Coordenadoria Especial de Políticas Públicas para a Mulher de Mato Grosso do Sul (1999-2000) e de assessora da Coordenadoria de Atendimento à Mulher da Secretaria de Estado de Assistência Social Cidadania e Trabalho (2001-2002).
“A posse da Cida, que é uma militante feminista, que conhece o movimento de mulheres, é uma indicação de que a gente vai ter uma parceria para realizar não só as necessidades dos movimentos sociais feministas e de mulheres mas também um atendimento de forma articulada com as áreas da saúde, do planejamento e da economia, para que a gente coloque as mulheres em outro patamar”, reflete Berenice D’arc.
Para a secretária da CNTE, a política de gênero para a educação é importante pois "é um debate que fortalece nossas meninas, adolescentes e profissionais de educação. É uma política que vai servir para fortalecer no salário, nas políticas de reconhecimento e valorização das mulheres”, finaliza.
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