Pesquisa realizada em parceria entre o SINTEP-PB e o Departamento de Psicologia da UFPB revelou, de forma incontestável, graves danos a professoras e professores da Rede Estadual de Educação da Paraíba. A pesquisa “Saúde e Trabalho Docente na Pandemia” foi coordenada pela professora Dra. Thaís Augusta Máximo, com as alunas estagiárias Danielly Jéssica Tenório Santana e Valéria Maria Alexandre Barbosa.
O início do processo se deu em março deste ano e a apresentação dos resultados ocorreu numa transmissão ao vivo pela página do SINTEP-PB no Facebook, no último dia 21 de julho, onde pode ser assistida na íntegra. A apresentação serviu para divulgar os resultados da pesquisa e lançar a programação das Atividades de Intervenção e Apoio aos Docentes, ação que contará com dois grupos (terças-feiras à tarde e quintas-feiras à noite), sob coordenação da professora e psicóloga Thaís Máximo.
Ao passo que o SINTEP-PB agradece ao Departamento de Psicologia da UFPB, em especial à professora Thaís, pelo relevante trabalho, enfatiza que, concluída esta primeira etapa, a parceria segue com as atividades de intervenção e a inclusão no projeto dos profissionais em educação aposentados, ainda em processo de construção junto à Secretaria de Aposentados do sindicato, de forma integrada com as Secretarias de Gênero e Etnia, Formação e Juventude. A entidade agradece também aos profissionais de educação que atenderam ao chamado para responder o questionário da pesquisa.
Por se tratar de uma pesquisa diagnóstica, de caráter científico, foram ouvidos mais de 600 docentes, sendo que 56% afirmaram ter dificuldades em conciliar as atividades profissionais com sua rotina de vida pessoal durante a pandemia e quase 40% consideraram que sua saúde foi muito abalada pelo trabalho remoto, sobretudo com a utilização de plataformas de videochamadas e outras ferramentas, enquanto outros 41% acham que foram relativamente afetados.
A maioria dos respondentes reclama por trabalhar horas extras que não são remuneradas. Uma parcela muito alta lamenta a existência de demandas de trabalho sem horário de lazer. Frisam ainda a existência de cobranças excessivas, além de lhes atribuírem culpa pelo não engajamento dos discentes nas atividades desenvolvidas. A maioria dos profissionais ouvidos disse ter desenvolvido algum sintoma físico ou psíquico relacionado ao trabalho durante a pandemia, o que leva a mais de 36% dos docentes terem passado a consumir algum tipo de medicamento antidepressivo.
O fator gênero também deve ser salientado. As mulheres, a quem historicamente foi direcionado o cuidado com a família, ficaram ainda mais sobrecarregadas que os homens. Na modalidade home office, durante a pandemia, o que se viu foi uma mistura de trabalhos domésticos, cuidados com crianças e pessoas com necessidades de cuidados especiais.
Cobranças ao Governo do Estado
Esses resultados nortearão o sindicato quanto às reivindicações, ações preventivas e intervenções para promoção do direito à saúde da categoria por meio de políticas públicas. Além disso, comprovou que os direitos que a categoria tem de redução do tempo de contribuição para a aposentadoria (sobretudo para as mulheres) e da destinação de um terço da carga horária para o planejamento e as atividades extraclasse são mais do que justos. Também ressaltou elementos que já haviam aparecido no levantamento realizado pelo SINTEP-PB em abril de 2020.
A Paraíba obteve o melhor desempenho, entre todos os estados do Brasil, no desenvolvimento das aulas remotas. Já sabíamos que este resultado era fruto do esforço de milhares de professoras e professores, mas agora sabemos também, de forma sistematizada, quais são as consequências disso para a categoria. Entretanto, o governador João Azevedo se nega a dialogar com o SINTEP-PB desde quando tomou posse, há dois anos e meio.
A pesquisa “Saúde e Trabalho Docente na Pandemia” nos empodera para continuarmos cobrando do Governo do Estado atenção aos trabalhadores e trabalhadoras em educação, pois, entre outras coisas, está provado que o sistema de saúde na Paraíba não possui atendimento específico à categoria quanto aos danos causados pelo trabalho remoto, nem tampouco a Secretaria de Educação tem desenvolvido parcerias com outros setores da administração pública para desenvolver políticas públicas neste sentido. Seguiremos cobrando e nos organizando cada vez mais!
SINTEP somos nós, nossa força e nossa voz!