O SINTEP/PB está acompanhando a situação dos profissionais da educação que estão sendo transferidos sem processo disciplinar ou sem inquérito administrativo, seguido da suspensão de suas atividades sem avisos prévios. A categoria está sofrendo uma série de assédios morais através do Governo da Paraíba.
Tiago Araújo, professor da escola ECIT Prof. Raul Córdula em Campina Grande, vem denunciando a gestão e o Governo sobre os assédios morais e perseguições políticas por lutar pelos seus direitos, assim como de todos os educadores. Ele relata que foi selecionado para o sistema integral, através de uma prova no qual obteve boa colocação, mas sofreu assédio moral de diretores que o relocaram sem justificativa.
“Comecei a me opor aos assédios cotidianos cometidos contra colegas docentes e estudantes, comecei a fazer denúncias públicas e administrativas dos constantes casos, bem como a construir um movimento contra a manutenção de um conselho diretor que já vinha a muito tempo detendo e concentrando nas suas mãos os seus poderes descomunais para fazer aquilo que eu e outros colegas começamos a denunciar”, comentou o professor.
Tiago Araújo acrescenta que mesmo com o seu direito de permanência na escola garantido por ordem judicial, aceitou a sua transferência para outra escola do sistema integral de ensino, pois a mudança não o causou prejuízo salarial e nem laboral. Mas logo após, o professor recebeu uma notícia do Diário oficial, no qual consta o seu afastamento de 30 dias das suas atividades, além de uma mudança para outra unidade de ensino regular, sendo acusado de não colaborar com as investigações do processo, de ter um comportamento inadequado com a função de funcionário público e de não respeitar a hierarquia ao qual está subordinado.
“Para a minha maior perplexidade, além de tudo isso, vejo que outras acusações do gênero contra outros servidores foram passíveis apenas de advertência deixando clara a desproporcionalidade da minha punição. Contudo, não me calarei e jamais aceitarei qualquer decisão arbitrária que me seja imputada”, comentou.
Soraya Cordeiro, dirigente da Secretaria de Relações de Gênero e Etnia do SINTEP, dá ênfase na situação dos profissionais da educação da rede estadual, que desde a implantação das escolas cidadãs, os professores(as) vêm sofrendo assédios morais no cumprimento de normas. Ela enfatiza que quando os professores fazem a seleção, assumem o compromisso de trabalhar de forma integral, mas dentro da sua carga horária e dentro da metodologia, o que não acontece durante o cenário de pandemia, em que os profissionais estão trabalhando mais do que 40h, sofrendo imposições e tendo prejuízos salariais. A dirigente explica que o formato dos modelos chega como uma imposição, e não como uma colaboração, fazendo com que os profissionais da educação não tenham seus direitos respeitados. Além disso, ela enfatiza sobre a não gestão democrática, que muitas vezes tomam posse aqueles que não foram aprovados em teste de seleção e que não possuem tanta capacidade ou orientação.
“O SINTEP tem buscado dialogar com o Secretário da Educação sobre essas questões que o professorado passa pela opressão via direção. Nesse processo da pandemia, as coisas pioraram pois há muitas inconstâncias e abusos não só pela pressão, mas também questões salariais. Hoje pagamos para trabalhar com o uso de internet e computadores para ministrar as aulas, mas isso não intimidou os professores de fazer esforço profissional para que os alunos pudessem ter acesso à educação. Os professores querem trabalhar, mas com melhores condições”, ressaltou.
Diante do caso do Professor Tiago, ela comenta que infelizmente, os profissionais que se rebelam, reclamam e reivindicam por melhores condições de trabalho, acabam sendo penalizados e são considerados pessoas que não têm perfil para estar na escola cidadã, sendo uma perseguição, pois é necessário fazer críticas quando os direitos são retirados.
“O SINTEP não permite que isso aconteça pois temos o direito de impor para as coisas melhorarem. Queremos o melhor, queremos dar o nosso melhor lado profissional e não estamos conseguindo pois há exigências além do que nos é permitido. Procuramos diálogo, denúncias e movimentos. Os profissionais da educação possuem direitos e deveres, estamos cumprindo nossos deveres, mas temos nossos direitos retirados”, finalizou.
O Secretário da Juventude do SINTEP, Felipe Baunilha, se solidariza com o caso comentando que é um absurdo a perseguição sofrida por Tiago e por todos os profissionais da educação que são submetidos a esse lamentável cenário.
“Não tem outro nome, é perseguição. Passei por situação semelhante e, assim como nós, tantos outros sofrem essas perseguições diárias. Exigimos a retirada das punições imputadas a ele. Ao mesmo tempo conclamamos todos os profissionais da educação a não aceitar nenhum tipo de intimidação ou cerceamento da liberdade de cátedra. A construção de uma educação de qualidade exige docentes determinados a fazer da escola pública um local de pluralidade, diversidade, só assim é possível aprender bem. Só assim é possível formar cidadãos críticos e competentes”, disse.
O SINTEP/PB continuará dando a visibilidade necessária para os profissionais da educação que estão sendo prejudicados pelo Governo, lutando pelo respeito para a categoria.