A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação, entidade representativa de mais de 4,5 milhões de trabalhadores/as das escolas públicas brasileiras, vem a público REPUDIAR as candidaturas de presidenciáveis que investem em discursos de violência, homofobia, misoginia, racismo e ódio, em especial a do candidato Jair Bolsonaro (PSL), que encarna nas atuais eleições um projeto político de exclusão e retrocessos.
As posições contrárias do referido candidato à educação pública brasileira ficaram explicitadas em seu apoio irrestrito às medidas do governo Temer, quando votou favoravelmente à Emenda Constitucional nº 95, que congelou pelo período de 20 anos os investimentos em educação, mas também em saúde, segurança e infraestrutura, e à Lei de Terceirização e à Reforma do Ensino Médio. O deputado ainda apoia incondicionalmente a Lei da Mordaça (Escola sem Partido) e a gestão militarizada de escolas públicas, contrariando princípios democráticos assegurados à educação na Constituição Federal.
As propostas desse candidato, que antes das eleições não eram explicitadas à sociedade, muito em função de ter sempre sido um político que vivia às sombras na Câmara dos Deputados nos seus mais de 25 anos de atuação parlamentar, vem à baila agora e deixa toda a consciência democrática do país em alerta. Marcado por sempre ter sido um deputado de atuação inexpressiva em mais de duas décadas de mandato parlamentar, sem sequer ter um projeto de lei aprovado, é estarrecedor a proeminência que suas ideias ganham no atual momento político brasileiro.
E todo esse caldo político de intolerância e violência representado por sua candidatura ganha adesão de muitas pessoas, apesar das declarações públicas escandalosamente hostis à democracia e ao próprio processo civilizatório. Ele já disse que o erro da ditadura militar que ocorreu no Brasil, entre os anos de 1964 e 1985, foi somente ter torturado as pessoas, e não matado; já afirmou que as mulheres devem mesmo ganhar menos que os homens porque engravidam; já disse que se tivesse um filho homossexual, iria bater nele em público; já comparou populações quilombolas a animais, estabelecendo a medida de arrouba para falar do peso de pessoas negras.
Para além dessas declarações de extrema agressão a determinados grupos sociais, remontando a história do fascismo inescrupuloso, o candidato presidencial, por muitos tido como alguém de personalidade forte e ideal para combater a corrupção no país, acumula inúmeros envolvimentos em casos de corrupção. Já foi citado na lista de Furnas como receptor de propina; é acusado de sonegação de impostos, e defendeu essa prática publicamente; recentemente foi acusado de receber propina da JBL-Friboi para suas campanhas eleitorais; também já foi acusado de enriquecimento ilícito através da máquina pública, em decorrência da multiplicação de seu patrimônio em um período de apenas 10 anos; e os casos não param de aparecer a cada dia.
A sua atuação parlamentar chegou ao cúmulo de propor redução da licença maternidade e, pasmem, proibir o SUS de atender mulheres vítimas de violência sexual. Trata-se, de fato, de uma candidatura que representa a misoginia, a homofobia e o racismo na política. Além de ser um ardoroso defensor da liberação do porte de armas no Brasil, atendendo ao lobby de seus principais financiadores de campanha como deputado por todos esses anos, que é a indústria das armas.
Os/as educadores/as brasileiros/as repudiam o projeto político representado por este cidadão, e nos vimos na obrigação de chamar a atenção da categoria dos trabalhadores em educação e da sociedade em geral para os riscos que representa a sua candidatura. Queremos e lutamos por mais direitos, que ele quer nos tirar; queremos e lutamos por inclusão, quando ele quer excluir pessoas; queremos e lutamos por mais democracia, que ele quer restringir; queremos e lutamos por respeito, o que ele não tem pelas pessoas.
Por tudo isso, a CNTE passa a aderir a campanha do #EleNão! que vai capitanear manifestações por todo o Brasil no próximo dia 29 de setembro. Unamo-nos a essa luta!
Brasília, 28 de setembro de 2018
Direção Executiva da CNTE