Os três palestrantes do primeiro painel do Encontro do Movimento Pedagógico Latino-Americano Paulo Freire, que iniciou hoje, 27, no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá, foram unânimes em suas falas. “É preciso parar o Brasil neste dia 28 e ocupar as ruas em todo o país contra o retrocesso”, disseram eles referindo-se às medidas prejudiciais ao povo brasileiro que estão sendo impostas pelo governo ilegítimo de Michel Temer.
Eles apresentaram uma análise da “Conjuntura Política e Educacional, frente aos Ataques do Capital Financeiro ao Direito à Educação Pública e Gratuita” para cerca de 500 profissionais da educação mato-grossenses, que estão debatendo, nos próximos dois dias, os rumos da educação libertadora no Brasil e na América Latina.
O primeiro a participar foi o professor Marcos Macedo Karon, do Instituto de Educação da UFMT (Universidade Federal de Mato Grosso), que fez uma explanação sobre as mudanças na política econômica mundial e as consequências para a população mais vulnerável. Para ele, o golpe ocorrido no Brasil é reflexo do movimento direitista e da força do capital que comanda o mundo.
“Participo desse debate com muita honra em poder tratar diretamente com os profissionais que fazem parte do processo de enfrentamento às medidas impostas por este governo que está a serviço do capital financeiro”, comentou Karon, acrescentando que eles são capazes de tudo para atender aos pedidos do mercado em desfavor à classe trabalhadora.
Com a frase de Nicolau Maquiavel “Se você não pode ser amado, que você seja temido”, o presidente da CNTE, professor Heleno Araújo Filho, começou sua apresentação pedindo o fora Temer e todos os golpistas que estão no poder. Após apontar que um dos problemas centrais no país a alta concentração de renda nas mãos de poucos, ele destacou que os ataques do capital financeiro às políticas sociais para retirar direitos do povo significam um retrocesso sem precedentes.
Para Heleno Filho, dentre as medidas para colocar o Brasil novamente no rumo do desenvolvimento não deveriam fazer parte as que apenas punem os trabalhadores, como estão sendo feitas pelo governo Temer. “Temos que fazer, urgentemente, as reformas estruturais, como a Tributária, a Fiscal e a Política. Não podemos aceitar que a produção pague mais imposto que a aplicação financeira. Quem vive de renda neste país não tem crise”, observou.
Segundo o presidente da CNTE, os governos que defendem somente o lucro do mercado aplicam a doutrina do ajuste e da austeridade; ampliam a exploração do trabalhador; cortam direitos, como tem acontecido no governo golpista de Temer, além de promover a difamação e o desmanche do que é público, criminalizar os opositores e montar um Estado policial para o enfrentamento à classe trabalhadora.
“Estamos vendo os golpistas retirarem diretos conquistados e desmantelar as políticas sociais, especialmente os avanços que tivemos na Educação com o PNE (Plano Nacional de Educação), que prevê considerável melhoria na qualidade do ensino público no Brasil. Não podemos aceitar tal retrocesso. Por isso, vamos parar as escolas e iremos às ruas lutar por nossos direitos”, afirmou Heleno Filho, mostrando indicadores positivos na educação alcançados na última década.
Já o presidente do Sintep-MT (Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso), Henrique Lopes Nascimento, fez uma abordagem mais da conjuntura estadual e as políticas do governo local, que é apoiador do presidente ilegítimo de Michel Temer e a favor de suas medidas contra a classe trabalhadora.
O evento é realizado pelo Sintep-MT (Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso), em parceria com a CNTE e a IEAL (Internacional da Educação para a América Latina), que convidou representantes de universidades e organizações sindicais dos países latinos, como México, Paraguai, Uruguai e Argentina, além do ministro da Educação boliviano.