Nós, trabalhadores e trabalhadoras em educação do Estado da Paraíba, reunidos e reunidas em nosso XXVI CONGRESSO, nos solidarizamos ao povo palestino, que há 77 anos vive ocupação colonial e genocidária, desde quando sofreu a maior limpeza étnica da história, entre 1947/1951, momento histórico denominado Nakba, palavra árabe para designar catástrofe, que resultou na morte ou expulsão de 88% do território da Palestina então tomado (78%) para tonar-se “israel”, por meio desta MOÇÃO, no seguintes termos:
- Condenamos o regime de Apartheid em vigor sobre o povo palestino, assim designado por relatórios da ONU e das mais importantes ONGs internacionais de direitos humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights Watch, e até mesmo israelenses;
- Condenamos a continuada ocupação colonial da Palestina, hoje resultado no confisco de cada vez mais território palestino, o que levou a restas aos palestinos no máximo 10% de seu território histórico;
- Condenamos a política de extermínio do povo palestino, uma política oficial de estado que visa limpar etnicamente a Palestina para que nela haja apenas cidadãos judeus, visível hoje no primeiro genocídio televisionado da história, em curso por 330 dias em Gaza, cujos números superam até mesmo os da 2ª Guerra Mundial, tais quais:
- 51.266 assassinados em Gaza, considerados 10 mil desaparecidos sob escombros, a quase totalidade civis, totalizando 2,5% da demografia do território, o que equivaleria a 5 milhões de brasileiros ou 18 milhões na Europa da 2ª Guerra Mundial, por sua população atual;
- 20.739 crianças assassinadas, 41% dos exterminados neste genocídio, a maior matança de crianças da história de guerras e genocídios, com 9.342 por milhão de habitantes, 3,3 vezes a matança de crianças no período nazista, que foi de 2.813 crianças por milhão de habitantes, e em 6 anos, isto é, 6,6 vezes mais tempo;
- 11.907 mulheres assassinadas, consideradas as desaparecidas sob escombros, mais de mil delas grávidas, dado agravado pelos 300% de aumento nos casos de abortos involuntários e pelo fato de que para os próximos 9 meses haver entre 50 mil e 60 mil grávidas para darem à luz, sem casas, hospitais, comida, água, medicamentos, saneamento básico ou qualquer condição de habitabilidade;
- Os extermínios massivos de mulheres e crianças por “Israel”, como jamais documentado em guerras e genocídios, visa esterilizar coletivamente a sociedade palestina em Gaza, ou seja, colapsar sua capacidade reprodutiva eliminando ventres e os rebentos que deles vieram à luz a
pouco tempo, configurando um novo tipo de genocídio, ainda não conhecido;
- Os feridos são 99.255, praticamente todos com gravidade ou mutilados, quase 5% da população de Gaza, o equivalente a 10 milhões no Brasil e 35 milhões na Europa da 2ª Guerra Mundial, por sua população atua, com a agravante que boa parte está fadada a morrer pela falta de hospitais, médicos e medicamentos, agravando o genocídio;
- Os assassinatos de 885 profissionais de saúde, com mais de 1.500 feridos e outros 500 sequestrados pelas forças israelenses de ocupação, somados à destruição de quase todos os hospitais (25, com mais 9 fora de serviço por outras razões ligadas à destruição) e clínicas, depósito de medicamentos e outras infraestruturas, como mesquitas (610), sedes de governo (199), escolas e universidades (456) e 384 mil habitações, entre destruídas (87 mil) e semidestruídas (297 mil) levam ao colapso da habitualidade de Gaza e provocarão mais mortes massivas;
- A destruição supera os 80%, maior que na 2ª Guerra Mundial, bem como maior que na limpeza étnica de 1947/51 (4 anos), que foi de 69%; e “Israel” já é responsável pela maior matança de jornalistas da história (170, contra 69 em toda a 2ª Guerra Mundial), de funcionários da ONU (203) e da Defesa Civil (82) da história, bem como, proporcionalmente, de profissionais da educação (496) e estudantes (mais de 10 mil), eliminações que visam, também, somadas às dos profissionais de saúde, eliminar as testemunhas e apagar as provas e indícios do crime de genocídio.
Diante de tudo isso, renovamos nosso apoio ao povo palestino em sua luta nacional por autodeterminação e condenamos o regime supremacista e genocida de “Israel”. Por fim, pedimos ao Estado Brasileiro, bem como a todas as instituições, dentre elas as universidades, às demais unidades da federação, empresas e indivíduos, que rompam todas as suas relações com “Israel”, especialmente as que digam respeito aos campos militar, de segurança e tecnologia, áreas diretamente ligadas ao extermínio do povo palestino, sob pena de contribuirmos com o genocídio na Palestina.
Palestina Livre a partir do Brasil, 31 de agosto de 2024, 77º ano da Nakba.